Menstruação e suas adversidades: a produção de podcast em contexto escolar
Sou Rayssa Baptista Parros, tenho 16 anos e estou no segundo ano do ensino médio. Sou bolsista PIBIC, realizando a pesquisa “Menstruação e antropologia: Multiplicando possibilidades para alcançar dignidade”. Escolhi fazer iniciação científica pois sempre quis ter a experiência de entrar em uma universidade. Tive em meu pensamento que seria uma grande oportunidade para mim e que me ajudaria muito a desenvolver habilidades, ter um contato com o mundo acadêmico e práticas de pesquisa, para que futuramente possa ter sucesso na minha escolha profissional. A ciência para mim me remete bastante à sabedoria. É você sair da sua zona de conforto e mergulhar num complexo de conhecimentos.
Quando me comunicaram que havia sido selecionada para fazer parte da pesquisa sobre menstruação e antropologia fiquei muito surpresa. Não imaginava qual seria o contexto de aprendizagem pois nunca havia tido contato com algo que retratasse o assunto da menstruação antes. Fazer parte de uma pesquisa sobre esse assunto seria literalmente algo muito novo para mim, fiquei muito feliz e instigada para começar a fazer parte do projeto. Quando comecei, comentava com amigos e pessoas próximas e a maioria me falava “o que tem haver antropologia com a menstruação?”, “quais são as coisas que você aprende sobre menstruação?”, “que diferente!”, “nunca tinha ouvido isso antes!”. Isso para mim é o mais interessante: explicar para as pessoas sobre menstruação, que é algo que é sempre uma novidade, pois este assunto é sempre escondido a sete chaves.
Uma das coisas que estamos fazendo no projeto são entrevistas dentro das escolas que estudamos. Vamos utilizar essa experiência para a elaboração de um podcast. O objetivo é darmos visibilidade ao tema, principalmente em contexto escolar. Vamos falar de como a menstruação é vista, como as pessoas da escola lidam. Estamos também pesquisando sobre pobreza menstrual, quando muitas meninas deixam de frequentar a escola nesse período, pois não têm acesso ao básico.
Fazer entrevistas para o podcast está sendo uma experiência muito boa e muito desafiadora. No início fiquei apreensiva achando que não daria certo, mas no fim foi super tranquilo. As pessoas que entrevistei responderam numa boa. Achei que ficariam constrangidos, mas interagiram com o assunto, falando sobre os sentimentos que tinham, o que gostariam de ter ouvido antes de ter passado por situações de constrangimentos e opiniões gerais sobre menstruação. Aprendi que é nítido que cada pessoa vê ou lida com a menstruação de forma diferente, mas tem vários sentimentos que são comuns: a vergonha, o medo, o constrangimento e a dor.
Este projeto me ensinou a dar outros olhares para as coisas ao meu redor, pois muitas das vezes as coisas passam despercebidas. Quando paramos para pensar e começamos a tomar conhecimento e a entender mais, temos uma visão totalmente diferente sobre a menstruação, que é algo que convivemos quase uma vida toda, e está presente em nossos corpos todos os meses, momentos e lugares.
Legenda da imagem: Montagem feita com imagem de absorventes com sangue menstrual e microfone. Créditos da imagem: Rayssa Baptista Parros.