É com grande alegria que anunciamos a publicação do cluster temático “Leaking Various Menstruations: Menstrual Blood and Contemporary Agencies”, organizado por Clarissa Reche e Daniela Manica. O conjunto de três artigos foi publicado na revista Tapuya: Latin American Science, Technology and Society, e tem como objetivo discutir as múltiplas maneiras de pensar e experienciar a menstruação a partir de perspectivas feministas e decoloniais, ampliando os debates sobre corpo, gênero e tecnociência. A coletânea reúne artigos que analisam como as narrativas e práticas sobre menstruação dialogam com questões políticas, culturais e epistemológicas, desafiando tabus ocidentais e discursos biomédicos hegemônicos. O dossiê nos fornece uma visão geral dos estudos sobre menstruação a partir de uma perspectiva CTS feminista, incluindo trabalhos da América Latina e da Índia, proporcionando um diálogo Sul-Sul sobre esta questão. Esta coleção de textos resulta de esforços contínuos para consolidar a menstruação no campo dos estudos sócio-antropológicos do corpo, do gênero e da ciência.
Os dois primeiros artigos são “Period poverty behind the numbers: gender, race, and class in the menstrual experiences of girls from an urban periphery in Brazil” de Januária Monteiro Menegotto e Fernanda Bittencourt Ribeiro, e “(Re)making menstrual hygiene discourses in India”, de Amisha K. Gopee.
O terceiro artigo foi produzido por integrantes do Labirinto, e é intitulado “Menstruation as a Research Topic in the Humanities in Brazil: A State of the Art”, de Clarissa Reche Nunes da Costa, Naedja C. V. Costa e Daniela T. Manica. Fruto da pesquisa de doutorado de Clarissa, e ampliado em colaboração com Naedja e Daniela, o artigo mapeia produções acadêmicas brasileiras sobre menstruação nas humanidades. A partir de 66 trabalhos, o estudo identifica cinco eixos temáticos: revisões teóricas, análises simbólicas, educação e arte, tecnociência e produtos menstruais, e saberes sobre o cuidado com o corpo. O artigo destaca o crescimento recente do interesse pelo tema, com 29% das produções publicadas entre 2020 e 2023, evidenciando a consolidação da menstruação como objeto legítimo de estudo nas humanidades. A pesquisa também aponta para uma diversidade de perspectivas, que vão desde a crítica ao viés biomédico hegemônico até a valorização de práticas e conhecimentos contra-hegemônicos, muitas vezes enraizados em contextos culturais específicos. O artigo também aponta a necessidade de ampliação de pesquisas que promovam a inclusão de experiências menstruais diversas, como as de pessoas trans e não binárias, promovendo uma visão plural e crítica das práticas contemporâneas em torno do ciclo menstrual.
Convidamos a todas a ler o dossiê, e adoraríamos saber como os artigos reverberaram!

Descrição da imagem: nuvem de palavras. Créditos: artigo “Menstruation as a Research Topic in the Humanities in Brazil: A State of the Art”.