De volta ao campus
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Mateus Vicente
“Quando soube que haveria um encontro presencial, imaginei que seria o clássico encontro acadêmico para discutirmos uma leitura feita pelo grupo ou para que organizássemos as leituras do semestre. Como se fosse uma corrida “contra o tempo perdido” pela pandemia, ainda que o Labirinto se diferencie em muitos sentidos do clássico academicismo. Na realidade, nos encontramos na Praça da Paz para compartilharmos e atualizarmos – depois de tanto tempo sem um encontro presencial –, afetos, experiências e diversas trocas das nossas vidas. Claro que as narrativas predominantes giraram em torno dos impactos da pandemia nas vidas. Mas além disso, sinto que conseguimos quebrar algumas barreiras a partir das trocas que efetuamos. A caminhada com o passeio “turístico” na Unicamp, ajudou a materializar no corpo o retorno a ocupação desse espaço que tanto valorizamos e sentimos falta nesse tempo distante”.
Michelle Perez dos Santos
“A minha expectativa foi de ver as pessoas do grupo pessoalmente, pois eu tinha visto algumas pessoas só pela internet e presencialmente é bem mais colorido, do que uma tela do computador. Achei muito legal a interação das pessoas durante a conversa, as experiências que elas contaram foram bem interessantes, pois elas têm mais vivências acadêmicas e da vida também. A caminhada turística foi bem interessante para conhecer a universidade, a sensação das pessoas comentarem sobre a Unicamp e estar nela com as pessoas, parece um sonho”.
Adriana Silvestrini
“Alegria e ansiedade foram os meus sentimentos ao retornar à Unicamp, após dois anos de isolamento. Quase que a mesma emoção que senti quando pisei pela primeira vez no campus, na época da prova de inglês, ainda durante o processo seletivo para o mestrado. Depois de aprovada como aluna, fui à universidade somente por duas vezes. E, agora, às vésperas da minha defesa, retornei ao meu ponto de partida. Sensação incrível porque pela primeira vez me senti parte desse imenso espaço físico. Foi muito revigorante estar sentada no gramado compartilhando questões profundas com todas e todos, fazer o passeio pelo campus e depois me divertir no piquenique. Olhar e conversar pessoalmente com as pessoas, sem dúvida, foi a melhor parte.”
Clarissa Reche
“Acho que não racionalizei muito antes do encontro, mas estava muito animada, tipo criança voltando para escola. Preparei as comidinhas com muito carinho, pensando nesse reencontro! Achei muito gostoso e agradável. A Unicamp ainda é meio misteriosa para mim, não sinto ainda que é minha casa, então caminhar pelo campus foi muito bom. Gostei muito de saber dos afetos da Daniela e das outras pessoas que iam comentando as histórias. Isso torna o lugar vivo. Acho que a principal imagem que ficou na minha cabeça foram as salas de aula do ciclo básico, enormes cheias de lousas cobertas de cálculos. Adorei!”
Fernando Camargo
“A minha expectativa era de poder ver o campus cheio. Ouvir os sons de gente caminhando pela universidade, da animação dos estudantes. De poder reencontrar os meus colegas. O encontro foi muito gostoso e atingiu minha expectativa. A roda de conversa foi um momento de bastante reflexão sobre o que significa esse estar na universidade de diferentes maneiras. Rever o campus no passeio “turístico” foi bastante gostoso. Despertou muitas lembranças sobre aquele lugar. Parece que, aos poucos, as coisas estão voltando para o lugar. Espero muito que esse ainda seja um lugar de esperança, de refúgio, de prazer”.
Jacqueline Medeiros
“Minha expectativa era rever amigos e colegas presencialmente e sem recortes de tela. Sentir a presença de todos e voltar a conversar olhando nos olhos. Estar ao ar livre, próximo de colegas de pesquisa me fez me sentir acolhida. Ouvir cada história, ver os rostos de cada um, dividir os medos, anseios e desejos. Era como estivéssemos juntos em uma mesma jornada. Mesmo entendendo que cada um partia de um ponto, um sentimento diferente de suas vidas em relação ao isolamento e sua pesquisa. Caminhar dentro do campus, me permitiu sentir através do meu corpo, o vento da retomada. De um mundo que parecia distante. Me senti pertencente e disposta a seguir compartilhando afeto e conhecimento através da conversa e minha dissertação”.
Daniela Manica
“Estava com a expectativa baixa para esse encontro, porque no encontro do ano passado poucas pessoas vieram. Não imaginei que teria a adesão que teve, muito boa e positiva. Esperava também que as pessoas estivessem mais entristecidas, mas o que senti foi uma energia muito boa de felicidade e alegria pelo reencontro e pela retomada da universidade. Por nos revermos todos ao vivo, e vivos, depois de tanto tempo. Fiquei muito feliz. Gostei muito de poder dividir as minhas memórias afetivas das passagens pelo campus (pela Faculdade de Engenharia de Alimentos, pelo Instituto de Biologia, e pelo Ciclo Básico e Praça Central) com vocês. Me senti fazendo quase que uma “calourada”, recebendo novos estudantes, mas nenhum de vocês era exatamente “novo” na Unicamp. Achei que a pandemia nos permitiu voltar a coisas simples e básicas, a reduzir expectativas, a valorizar o mais básico e essencial na vida. E uma simples “caminhada pelo campus”, para mim, simbolizou muito esse movimento”.
Cristiana Gonzalez
“A roda de conversa foi boa. Embora todos tenham atravessado esses tempos de diferentes formas, percebi que quem não passou por algum trauma, está minimamente ferido e o que temos em comum é que estamos pelo menos tentando sobreviver. Já é um bom ponto de partida: estamos vivos. As pessoas mudaram, acho que foram obrigadas a isso. Mudaram de casa, cidade, corpos, a relação com a pesquisa, com seu curso, hábitos, as expectativas. O campus também mudou um pouco, o anfiteatro está coberto e feio! Tenho certeza absoluta que a grama não era tão verde como estava naquele dia e nunca tinha reparado nos diferentes pássaros que sobrevoam o céu: andorinhas, maritacas/maitacas, pica-paus. É bonito. Gostei também de ter passado pelo ciclo básico, onde dei a disciplina “HZ” como aluna PED. Lembrei que foi um momento muito importante aquele de me ver como “professora”, mesmo estando ainda no doutorado. Essa lembrança feliz foi como uma onda forte que te pega de surpresa e quase leva seu biquíni. Com certeza o passeio foi um momento de reconexão”.
Carolina Carettin
“Estava muito ansiosa para o encontro presencial. Queria reencontrar quem já tinha conhecido e encontrar quem só conhecia pelas telas. Acabou que a gente se conheceu de novo, né? Foi muito diferente ver todo mundo pessoalmente, trocar um pouquinho com cada um, descobrir coisas novas sobre as pessoas. Achei muito acolhedor e intenso. Eu sempre falo que gosto de ouvir e o que mais me marcou foram as vozes se encobrindo, enquanto a gente caminhava pelo campus. Até anotei algumas palavras que eu ouvi, uma sobre a outra, enquanto todo mundo conversava. Creche, capivara, única, pessoas, texto, sobrinho, periferia, hospital, básico, guia, fumaça. A cada parada pela Unicamp, todo mundo parava de falar para ouvir e depois voltavam as conversas. Acho que essa dinâmica não existia mais com os encontros online e foi muito interessante ver isso de novo”.
Estéfani de Morais
“Era uma quinta-feira e eu fui à Unicamp exclusivamente para esse encontro. Queria ver as pessoas, não seus rostos chapados em uma tela de computador. Queria ver seus movimentos, suas vozes sem a interface eletrônica, queria saber seus tamanhos. Contudo, não mais importante que aquela certa energia que a pessoa transmite, a áurea que ela carrega que só presencialmente é possível sentir e ver. Na reunião foi possível ouvir e sentir as pessoas até então desconhecidas, partilhando de suas alegrias e angústias. Naquele encontro eu pude me reconhecer no outro, onde de fato pude sentir o que é estar em campo no fazer antropológico. Ao mesmo tempo ser observadora e ser participante. Que seja próspera minha estada no Labirinto. Caso eu me perca dentro dele, está tudo bem. Sinto que não estarei sozinha!”
Kris Oliveira
“Estive durante toda a pandemia afastado do campus da Unicamp, em Campinas, onde vivi experiências intensas e muito proveitosas nos últimos anos. O encontro presencial proposto pelo Labirinto fez despertar um conjunto de sensações, que passavam pela curiosidade à nostalgia. A minha expectativa era, antes de tudo, poder ver bem tanto as pessoas quanto a paisagem. Por isso, antes mesmo do encontro, aproveitei para circular pela universidade, devolver alguns livros, observar o que por muitos foi chamado de “novo normal”. Este conjunto de movimentos – do meu próprio corpo, dos pensamentos, do lugar, dos pássaros, das pessoas — trouxe esperança por dias melhores. Ver frente a frente os colegas do laboratório, participar da roda de conversa, do passeio pelo campus e do coffee compartilhado fez potencializar todas essas sensações. Colocar-me a escutar e a falar, em um contexto tão fragilizado, foi revigorante. Pude respirar melhor, como fazíamos nos tempos em que não imperavam as máscaras e as angústias”.
Naedja Vieira
“Confesso que havia me preparado para um encontro/aula burocrático e convencional, talvez por ainda estar apegada ao antigo modo de estar na universidade, como também pela ansiedade em voltarmos a viver os dias como fazíamos antes. Mas, para minha feliz surpresa o grupo realizou uma afetuosa acolhida, o que me deixou muito feliz e grata. O ambiente do parque e piquenique promoveu um afago generoso em nossos corações, nesse momento de tentativa de retorno a vida convencional, depois de um tempo tão duro como foram os últimos dois anos. Desejo que o clima amigável, generoso e afetuoso promovido pelo encontro nos fortaleça e proporcione um ano produtivo, tanto em termos acadêmicos quanto de nos tornamos pessoas mais flexíveis e atentas à sensibilidade em cada um de nós”.