Evento Adverso a Medicamentos
Eventos adversos a medicamentos são eventos desfavoráveis que ocorrem durante ou após o uso de medicamento, incluindo, mas não somente, náusea, dor de cabeça, ganho de peso, déficit cognitivo, depressão, convulsões, alucinações, agitação, anomalias cardíacas e diminuição no estado de alerta (Anvisa, 2021).
Em 2001, um relatório publicado pelo FDA relatou que dos 10 medicamentos retirados do mercado nos EUA desde janeiro de 1997 até janeiro de 2001, 8 foram retirados por oferecerem maior risco a mulheres (GAO, 2001). Dos oitos medicamentos retirados do mercado americano, quatro eram prescritos, em sua maioria, para mulheres e quatro eram prescritos igualmente entre homens e mulheres.
Já no Brasil, VigiMed, sistema disponibilizado pela Anvisa para relatar suspeita de eventos adversos aos medicamentos e às vacinas, de 01/01/2018 a 22/01/2023: 86,186 eventos adversos aos medicamentos em mulheres foram relatados, representando 59,32% dos eventos reportados (VigiMed, 2023).
Tem se aumentado o número de evidências que mostram que existem diferenças entre os sexos em Reações Adversas a Medicamentos. Uma revisão sistemática analisando o sistema de notificação do FDA identificou que dos 668 medicamentos mais utilizados nos EUA, 307 tem diferenças entre os sexos em reação adversa a medicamentos (YU et al., 2016). Mulheres têm risco 2 vezes maior de desenvolver reação adversa a medicamento do que homens e têm mais chance de serem hospitalizadas devido a uma reação adversa medicamentosa (NAKAGAWA; KAJIWARA, 2015).
Diferenças farmacocinéticas entre os sexos podem prever eventos adversos a medicamentos em mulheres. É o que se concluiu de um levantamento no Pubmed e no WebScience realizado em 2020. Dos 86 fármacos analisados, 76 tiveram diferenças farmacocinéticas entre os sexos, que não foi explicada por peso e nem distribuição corporal. Dos 59 medicamentos com eventos adversos a medicamentos clinicamente identificáveis. A diferença farmacocinética pode prever diferenças entre os sexos em eventos adversos a medicamentos em 88% dos casos. 96% dos medicamentos com diferenças farmacocinéticas foram associados com maior frequência de reação adversa a medicamentos em mulheres (ZUCKER; PRENDERGAST, 2020).
No entanto, a ausência de informação farmacocinética agrupada pro sexo em registros públicos dificulta essa predição. A prática comum de prescrição da mesma dose para homens e mulheres negligência diferenças entre os sexos farmacocinéticas, tendo risco de supermedicação para mulheres, contribuindo para a maior frequência de eventos adversos em mulheres (ZUCKER; PRENDERGAST, 2020).
Referências
Brasil, Anvisa. Notificação de evento adverso: tudo o que você precisa saber. 2021. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/notificacao-de-evento-adverso-tudo-o-que-voce-precisa-saber#:~:text=Rea%C3%A7%C3%A3o%20adversa%20%C3%A9%2C%20segundo%20a,para%20modificar%20uma%20fun%C3%A7%C3%A3o%20biol%C3%B3gica>. Acessado em 12 de jun de 2023.
GAO. Drugs Withdrawn From Market. 2001.
Vigimed – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Notificações de farmacovigilância do período 01/2018 a 04/2023. 2023. ANVISA Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/dadosabertos/informacoes-analiticas/notificacoes-de-farmacovigilancia. Acessado em 02 de jun de 2023.
NAKAGAWA, K. KAJIWARA, A. Female sex as a risk factor for adverse drug reactions. Nihon Rinsho, 73 (4), p 581 – 585. 2015.
ZUCKER, I. PRENDERGAST, B. Sex differences in pharmacokinetics predict adverse drug reactions in women. Biology of Sex Differences, 11 (1): 32. 2020.
Palavras-Chave: evento adverso a medicamentos; gênero; saúde
Autoria: Fernanda Mariath