Enciclopédia Diferença e Saúde em Perspectiva

Hipertensão

A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica. Portadores dessa doença apresentam níveis elevados da pressão sanguínea, tendo valores iguais ou superiores a 140/90 mmHg. Por conta da pressão elevada, o coração do paciente precisa de um esforço maior para distribuição do sangue no corpo. Essa condição é um dos principais fatores de risco para ocorrência de acidente vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca (Brasil, 2022). 

Iniquidades na distribuição de hipertensão por gênero e raça é bem documentada, homens e negros apresentaram maior incidência na vida adulta.  Isso é explicado por diferenças na exposição a adversidades sociais, condições socioeconômicas, segregação residencial, obesidade e comportamentos de risco, como sedentarismo, consumo de álcool e uso de cigarros (DA SILVA et al., 2023).

Tradicionalmente, iniquidades são estudadas do ponto de vista de uma única identidade social. No entanto, a interseccionalidade é necessária. Por exemplo, uma compilação entre três estudos coorte nos Estados Unidos demonstrou que o risco de desenvolver hipertensão é alto e bem similar entre mulheres e homens negros, quando comparados com homens e mulheres brancos, nos quais existe uma diferença grande, tendo maior prevalência em homens (Chen et al, 2019).

A associação entre condições socioeconômicas e hipertensão também varia em estudos interseccional de gênero e raça.  Um estudo canadense encontrou uma associação inversa entre o renda  e hipertensão em homens brancos, mulheres negras e brancas, mas não em homens negros (Gagné and Veenstra, 2017).

Em um amostra representativa da população brasileira, o nível de escolaridade foi relacionado inversamente com a prevalência de hipertensão em mulheres brancas e pardas, mas não em mulheres negras, nem em homens brancos, pardos e negros (Alves and Faerstein 2016). Há maior risco de hipertensão em homens negros e pardos brasileiros. No entanto, mulheres negras têm maior risco de desenvolver hipertensão do que homens brancos. As diferenças entre os riscos de hipertensão relacionadas à raça são diferentes entre homens e mulheres (DA SILVA et al., 2023). No Brasil, 24,3% da população tem hipertensão, sendo mulheres e pessoas negras com maior prevalência (BRASIL, 2022). 

 

Referências

BRASIL, Ministério da saúde. Hipertensão, saúde de A a Z. 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hipertensao#:~:text=A%20hipertens%C3%A3o%20arterial%20ou%20press%C3%A3o,(ou%2014%20por%209)>. Acessado em 12 de jun de 2023.

ALVES, R. F. S.; FAERSTEIN, E. Educational inequalities in hypertension: complex patterns in intersections with gender and race in Brazil. International Journal for Equity in Health, v. 15, n. 1, p. 146, 17 nov. 2016.

DA SILVA, E. K. P. et al. Gender, race/skin colour and incidence of hypertension in ELSA-Brasil: an intersectional approach. Ethnicity & Health, v. 28, n. 4, p. 469–487, 19 maio 2023.

GAGNÉ, T.; VEENSTRA, G. Inequalities in Hypertension and Diabetes in Canada: Intersections between Racial Identity, Gender, and Income. Ethnicity & Disease, v. 27, n. 4, p. 371–378, 2017.

 

Palavras-Chave: doença; gênero; raçaç interseccionalidade; prevalência

 

Autoria: Fernanda Mariath

 

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