Na última quinta-feira, 2 de junho, nos encontramos com Ivone Gebara para falar sobre o recém-lançado Esperança Feminista (Rosa dos Tempos). Filósofa e teóloga, tudo isso misturado dentro do feminismo, como apresentou Débora Diniz, também autora do livro, Ivone é uma das principais vozes do feminismo brasileiro e da luta pela descriminalização do aborto.
O evento começou com as provocações para refletir a publicação do livro neste momento específico e a presença em instituições reconhecidas como violentas, a partir de uma perspectiva esperançosa e feminista. Ivone afirmou que a esperança feminista nasceu de um mal-estar, também feminista.
“Numa sociedade em que se mata a diversidade humana, se mata também a esperança humana. Que esperança a gente pode ter num momento em que a gente está vivendo uma espécie de auto destruição? Foi a partir dessa sensação de negatividade que o feminismo e depois, Débora e eu, assumimos essa perspectiva.”
O livro traz doze verbos a fim de pensar a ação feminista. “Os verbos são relações, constroem sentidos, traduzem situações, indicam o movimento da história”, disse Ivone. Os verbos também convidam a refletir sobre seus próprios sentidos, temos que dizer a matéria do que lembramos, expressar as nossas perguntas e tentar delinear respostas. É uma análise social, mas também pessoal. “Por isso esse verbiário é conjugado nos vários tempos e de vários modos. Os verbos são uma proposta, em vista de superar a força maior da violência destrutiva.”
Ivone reforça que uma esperança feminista não é uma esperança só para as mulheres, é uma esperança em vista da humanidade, em vista das relações humanas. “É como se nós colocássemos pequenas pedrinhas mínimas que fazem com que esse peso maior da destruição seja movido. Alguma coisa se move e a nossa aposta é que a gente consiga que mais pessoas entrem nessa perspectiva de reconstrução das relações sociais e, consequentemente, aumente a nossa esperança de reequilibrar as forças que habitam em nós.”
Durante as duas horas de conversa, Ivone tratou sobre outros questionamentos sobre o movimento feminista atual, a participação dos homens na luta feminista e a importância de mulheres negras para a formação do movimento. Uma aula imperdível. Assista ao Encontro na íntegra aqui.
Se você perdeu algum encontro, todos estão disponíveis em nosso canal do YouTube. Os Encontros no Labirinto são uma iniciativa do Laboratório de Estudos Socioantropológicos sobre Tecnologias da Vida (Labirinto), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Legenda da imagem: Ivone Gebara fala ao público do primeiro Encontros no Labirinto de 2022. Créditos da imagem: Carolina Carettin.