Pesquisas

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Como o teatro pode articular a relação entre gênero e ciência – um estudo sobre a peça Hysteria

BÁRBARA FERNANDES – Mestranda no programa Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas.

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A dissertação se propõe a analisar como o teatro pode ser uma ferramenta para evidenciar as relações entre gênero e ciência, tomando como estudo de caso a peça Hysteria do Grupo XIX. Assim, a pesquisa se desdobra em uma bibliografia que explora (I) a influência “euro-patriarcal” no desenvolvimento científico, especialmente na psiquiatria, do início do século XX e final do século XIX e suas consequências para as mulheres; (II) as artes cênicas como meio para potencializar o conhecimento sobre a história científica e dar protagonismo para grupos socialmente oprimidos; e (III) o roteiro e proposta cênica da peça, tal qual o material de pesquisa utilizado para a sua construção (documentos médicos e boletins policiais). Em conjunto, serão realizadas duas entrevistas com dois integrantes envolvidos na montagem do espetáculo – Juliana Pedroso Sanches, atriz e dançarina; e Lubi (Luiz Fernando Marques), diretor.

Credibilidade científica, afeto e angústia: a experiência no projeto “Qual Máscara?”

BEATRIZ KLIMECK – Mestranda no programa Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas.

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A presente pesquisa é uma experimentação autoetnográfica que tem como nó central minha experiência em uma iniciativa de divulgação científica, o projeto “Qual Máscara?”. A partir desta, reflito sobre ser uma divulgadora científica e aproveitar a privilegiada perspectiva para enxergar aspectos como o que se faz com e o que se espera da ciência, dentro e fora de um contexto de crise sanitária.

 

Rede de Antropologia Feminista da Ciência e da Tecnologia: multimodalidade como ferramenta para fomento de redes e divulgação científica.”

CLARISSA RECHE NUNES DA COSTA- Pesquisadora em Jornalismo Científico (FAPESP) do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (NUDECRI, Unicamp

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O objeto desta pesquisa é a Rede de Antropologia Feminista da Ciência e da Tecnologia (RAFeCT), surgida em 2023 e em fase inicial de articulação. A rede foi gestada no âmbito do projeto de pesquisa “Um mundaréu de histórias: antropologia feminista da ciência e da tecnologia na América Latina” (FAPESP, 2022/05943-0), que tem como principal objetivo mapear pesquisas em socioantropologia da ciência e da tecnologia, preferencialmente perspectivas feministas decoloniais antirracistas sobre as tecnociências, produzidas na América Latina, e compõe as atividades atuais do podcast Mundaréu. O objetivo da proposta de pesquisa é desenvolver ações multimodais de jornalismo científico e divulgação científica através da elaboração e divulgação de um site, blog e redes sociais, com o objetivo de auxiliar no fomento da RAFeCT. Especificamente, pretende-se: criar e divulgar, através de conteúdos audiovisuais jornalísticos, o site, blog e as redes sociais da RAFeCT; estruturar a Comissão Editorial do blog da RAFeCT e realizar a editoração e divulgação de 10 postagens bilíngues (português e espanhol ou inglês), também disponibilizadas em áudio, de integrantes da RAFeCT no blog, sendo pelo menos duas postagens de pesquisadoras estrangeiras (Argentina e Colômbia). Espera-se que esta proposta possa contribuir no fortalecimento da divulgação nacional e internacional das pesquisas brasileiras em Antropologia da Ciência e Tecnologia, em especial aquelas desenvolvidas por pesquisadoras mulheres com perspectivas interseccionais.

As dimensões de gênero e como as diferenças entre os sexos se expressam na biologia celular: o caso de células mesenquimais derivadas do sangue menstrual.

FERNANDA MARIATH- Mestranda no programa Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas.

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As células-tronco obtidas de células do sangue menstrual são células-tronco mesenquimais multipotentes e expressam marcadores de pluripotência. Muitas vezes o seu potencial é limitado devido a marcação de gênero, sendo vista como impedimento para que sejam tratadas como células-modelo para pesquisa de tratamentos de terapia celular. No entanto, a pesquisa biomédica frequentemente incluiu apenas modelos de células e animais do sexo masculino. É curioso, então, que a marcação de gênero da CeSaM seja vista como impeditivo para ser tratada como célula-modelo, se por tanto tempo, células de apenas um sexo foram adotadas como modelo para diversos estudos. Talvez, o impedimento não seja reflexo da marcação de um único gênero, mas o fato de ser do gênero feminino. Com esse questionamento, surge a proposta desse trabalho, que pretende discutir e analisar as dimensões de gênero e como as questões de sexo se expressam na biologia celular. Esse projeto de pesquisa tem interseção com o podcast Mundaréu, que terá as próximas temporadas focadas no mapeamento de pesquisas na área da antropologia feminista na América Latina. Entender como a perspectiva feminista pode se articular à perspectiva teórico-metodológica da área de biologia celular será parte fundamental desse projeto. Além de discutir o viés de gênero na pesquisa de biologia celular e as consequências no estudo das CeSaM. Assim, devido a significância e atualidade de estudos de gênero e ciência e também a importância do entendimento de processos biológicos nas células tronco, esse trabalho interdisciplinar têm relevância por ter potencial de contribuir para ambos os campos.

Explorando processos criativos na produção e divulgação científica no contexto do ONSEAdapta

FERNANDO MONTEIRO CAMARGO – Pesquisador bolsista de pós-doutorado no INCT – Observatório Nacional de Segurança Hídrica e Gestão Adaptativa – Unidade Científica Comunicação, cultura e arte (CNPQ).

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Este projeto visa investigar e desenvolver processos criativos de produção e de divulgação científica no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Observatório Nacional de Segurança Hídrica e Gestão Adaptativa (INCT – ONSEAdapta). Para isso, buscaremos desenvolver ferramentas experimentais de pesquisa em educação, comunicação, arte e cultura para explorar as interações entre percepções, sensibilidades e cooperações com diferentes corpos d’água. Isso será alcançado por meio de uma série de atividades, incluindo mapeamento de ações realizadas por pesquisadores envolvidos no projeto, realização de oficinas visuais, produção de podcasts, saídas etnográficas e aprimoramento do site Biografia do Rio Piracicaba. Além disso, planejamos organizar um dossiê temático na revista ClimaCom para destacar os resultados e insights obtidos e divulgar iniciativas criativas realizadas no âmbito do projeto, bem como, aquelas que dialogam com a temática do projeto.

Maternidades Ciborgues, Inseminação Caseira e Tecno-experiências Lésbicas/Sapatonas nas Redes Sociais.

FLORA VILLAS CARVALHO – Mestrande no programa Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas.

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As novas tecnologias reprodutivas têm tido papel essencial no processo de transformação das gestações e maternidades de lésbicas/sapatonas no Brasil, especialmente nas últimas duas décadas, e inserido uma série de novos atores e processos sociotécnicos nestes processos de concepção e maternares. Um destes processos em ascensão no país é o de inseminação caseira que inaugura por um lado um conjunto de possibilidades e resistências – principalmente para lésbicas/sapatonas pobres – e, por outro, uma grande diversidade de problemáticas sociopolíticas, especialmente no âmbito jurídico e de reconhecimento e legitimação social destas maternidades. À este fenômeno, junta-se também o papel marcante que as redes sociais e seus múltiplos agentes e tecnologias vêm exercendo na reconfiguração e formação destas maternidades, o que se reforça ao focarmos a análise nas inseminações caseiras, que têm boa parte de suas práticas mediadas por grupos no Facebook. O objetivo desta pesquisa, portanto, é de investigar as redes ciborgues e sociotécnicas que compõem este cenário na atualidade, por meio de um acompanhamento e análise de três destes grupos, de maneira a buscar compreender quais papéis as tecnologias digitais e médicas vêm cumprindo no que tange às maternidades de lésbicas/sapatonas no Brasil.

Mulheres que correm com lobistas: ativismos, dignidade menstrual e empreendedorismo social

GABRIELA PALETTA – Doutoranda em Ciências Sociais pela Unicamp.

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A discussão em torno da menstruação hoje não se reduz à gestão e à higiene menstrual, mas ganha novo terreno diante dos direitos humanos e equidade de gênero. Menstruar tem sido considerado questão de direitos humanos quando ela faz aparecer obstáculos no acesso à saúde, educação, à água e à equidade de gênero, por exemplo. A promoção desses direitos vem sendo chamada de “Dignidade Menstrual”: um conceito em disputa, de cunho político, que emerge junto com a intensificação do debate em torno da Agenda 30 e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Encontro motivação política no curioso fato de que, em 8 de março de 2022, foram assinados tanto o decreto da “Estratégia Nacional de Empreendedorismo Feminino” quanto a criação do “Programa de Proteção Menstrual à Saúde Menstrual”. O objetivo geral desta pesquisa é compreender como ativismos menstruais estão agenciados a empreendedorismos sociais e através de arranjos tecnológicos. Para isso, resgato a ciborgue Polegarzinha (PALETTA, 2019), figuração (HARAWAY, 1997) desenvolvida na minha dissertação com menstruapps. Através da sincronização dos aplicativos de monitoramento de ciclos menstruais às redes sociais, Polegarzinha chegou até educadoras menstruais, novos artefatos e empresas ligadas à menstruação. Elejo, num primeiro momento, o empreendimento social que se destaca nos algoritmos de Polegarzinha. Este se autodeclara referência em ativismo menstrual na América Latina, desenvolve artefatos e propostas diferentes na forma de conhecer e expressar os ciclos menstruais: a Herself e Herself Educacional. Por fim, a pesquisa terá uma orientação qualitativa, de cunho socioantropológico, que será trabalhada através de métodos etnográficos, com entrevistas semi-estruturadas com as co-fundadoras das empresas e suas alunas.Palavras-chave: dignidade menstrual; empreendedorismo social; menstruação; antropologia da ciência e tecnologia.

Flow Podcast: Discursos da branquitude em defesa dos lugares de privilégio.

HUMBERTO SANTANA JR – Pesquisador de pós-doutorado no Programa de Relações Étnico-Raciais do CEFET/RJ.

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Essa pesquisa busca investigar o Flow Podcast para compreender a utilização do discurso em defesa da branquitude e manutenção dos lugares de privilégio. A partir do discurso de informalidade são disseminados os pensamentos da branquitude, preconceitos, racismo. Esta proposta busca um diálogo entre a Antropologia e a Linguística Aplicada através dos Estudos do Discurso para compreender as possíveis interpretações que podemos mapear por meio dos discursos que se atualizam, e como somos capazes de interpretá-los.
Como proposta de investigação existem dois interesses centrais. O primeiro é compreender o discurso presente na construção da meritocracia, garantindo os lugares de privilégio a partir do encontro entre a racionalidade neoliberal e o pensamento da branquitude. Dessa forma, refletir sobre uma sociedade pautada na dominação racial através de um sistema de hierarquização e violência defendido e propagado com o discurso presente no Flow Podcast. O segundo interesse é refletir sobre como a circulação do discurso do Flow Podcast contribui para a legitimação da branquitude, na manutenção dos lugares de poder, e como esses lugares são reforçados pela ideia de meritocracia. Nesse sentido, é importante analisar os usos políticos pela extrema direita no Brasil do espaço do Flow Podcast. Dessa forma, é preciso refletir como a manutenção dos lugares de poder contribuem para a desigualdade, e assim para o racismo, através da exclusão e a criminalização dos negros em defesa da branquitude.

Acessos e usos da Internet por adolescentes: produzindo e avaliando um podcast sobre Educação Digital

IRENE DO PLANALTO CHEMIN – Mestranda em Divulgação Científica e Cultural pela Unicamp.

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Nos últimos anos, um conjunto robusto de evidências tem identificado os efeitos do acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para a ampliação das oportunidades de socialização, fruição cultural e entretenimento entre crianças e adolescentes. As formas de interação e agenciamento através das tecnologias são marcados por interseccionalidades sociais, levando ao surgimento de uma divisa digital com consequências na inclusão e oportunidade social de diferentes camadas da sociedade. Parte desse projeto de inclusão digital diz respeito à escola, que deve garantir infraestrutura e apresentar a importância do uso responsável, crítico e criativo das tecnologias. Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivo produzir um podcast sobre as oportunidades e riscos decorrentes do uso da Internet pela população de 15 a 17 anos de idade, debatendo sobre o letramento e educação digital dessa população, especialmente no ambiente escolar de Ensino Médio. O podcast pode ser usado de diferentes maneiras no processo de ensino e aprendizagem, é uma tecnologia que apresenta a cultura digital. Direciono reflexões e práticas etnográficas para o Ensino Público, visando contribuir com práticas de formação cidadã emancipadoras, que dê sentido criativo, democrático e pacífico para as relações sociais da ciência e da tecnologia. Além disso, esta pesquisa pretende apresentar um podcast como produto de divulgação científica sobre a percepção dos adolescentes de 15 a 17 anos em relação a Internet, as oportunidades e os riscos online, produto que pode ser reaproveitado por outros docentes. Palavras-chave: letramento digital; adolescentes; podcast; percepção pública sobre as tecnologias.

O sofrimento humano só é intolerável quando ninguém cuida: Um olhar etnográfico sobre o trabalho de uma equipe multiprofissional e suas práticas com crianças e adolescentes com câncer nos cuidados paliativos.

IVO DIAS ALVES – Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas.

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O sofrimento humano só é intolerável quando ninguém cuida, frase de Cicely Saunders uma das mais renomadas paliativista dá o alicerce para esta pesquisa que parte de duas instâncias desafiadoras apresentadas desde seu título. Por um lado, perpassa ações de uma equipe multiprofissional, na qual um dos membros é o próprio pesquisador, profissional que tem formação inicial na área das ciências sociais. Por outro lado, contempla a temática dos cuidados paliativos desenvolvidos em um hospital oncológico que atende crianças e adolescentes. O cuidado paliativo se concentra em proporcionar qualidade de vida, sendo o seu objetivo dar assistência humana e compassiva aos pacientes em tratamento neoplásico em estágio avançado da doença, para que possam vIiver o mais confortavelmente possível. Esta pesquisa pretende apresentar e compreender o trabalho da equipe multiprofissional do Grupo de Cuidados Paliativos e Dor do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer. Essa equipe, além de discutir os casos, também compartilha seus conhecimentos e percepções sobre o paciente, a fim de que todos possam ter uma visão integral desse sujeito com o intuito de ofertar uma melhor qualidade de vida, assistindo à criança e/ou adolescente e seus familiares. O objetivo é investigar o sentido das práticas apresentados pela equipe multiprofissional e o seu trabalho com crianças e adolescentes com câncer em cuidados paliativos. A pesquisa busca colaborar com o debate sobre um modelo de atenção à saúde que vem sendo denominado como cuidados paliativos e demostrar a importância do cuidado integral ao paciente. Cuidado esse fundamentado no conhecimento científico, dando valor às histórias de vida, aos pontos de vista culturais, sociais e religiosos da criança e adolescente com doenças neoplásicas em estágio avançado da doença, contemplando, ainda, atenção as suas famílias, por meio do olhar etnográfico. Além disso, pretende-se compreender o significado do trabalho da equipe multiprofissional, que tem no seu corpo profissionais de diversas áreas da saúde e educação em prol de um melhor atendimento ao paciente e seus familiares.

Educação menstrual nas escolas: impactos e desafios na promoção da dignidade menstrual

JANAINA MORAIS – Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas.

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O tema da dignidade menstrual tem ganhado cada vez mais espaço na agenda nacional e mundial. O relatório “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdades e violação de direitos” (UNFPA/UNICEF, 2021) apresenta um cenário alarmante sobre a realidade das meninas e mulheres brasileiras. Em situação de pobreza e vulnerabilidade social, elas são privadas de serviços de saneamento básico, recursos para higiene pessoal e íntima e também a conhecimentos de qualidade sobre o próprio corpo e o ciclo menstrual. Os desafios de acesso aos direitos menstruais representam barreiras ao completo desenvolvimento do potencial das pessoas que menstruam, acirrando ainda mais as desigualdades sociais e de gênero. A presente pesquisa tem como questão central refletir sobre como a educação menstrual pode contribuir para uma ação social na promoção da dignidade menstrual. Propomos uma pesquisa qualitativa, conduzida com alunos e alunas de escola pública, participantes do programa de educação menstrual a ser oferecido como parte desta pesquisa-ação. Buscamos compreender quais são as narrativas e práticas em relação à menstruação mobilizadas por esses jovens e pela comunidade escolar, e de que forma o conhecimento circulado por meio das oficinas pode contribuir para a disseminação de saberes sobre o tema, promovendo uma transformação social. Para tanto, este trabalho se orienta por meio de uma perspectiva feminista interseccional e decolonial, considerando as múltiplas realidades de meninas mulheres e menstruantes, dando importância a questões raciais, territoriais, de gênero, dentre outras. E também possui como marco teórico-metodológico a “pesquisa-ação” (Malmann, 2015) e o engajamento, envolvimento e vulnerabilidade do pesquisador em campo e na escrita etnográfica como instrumento epistemológico do trabalho (Behar, 1996; Haraway, 1995).

Corpos que menstruam no terreiro: homens trans e pessoas não-binárias no candomblé de Ketu

MICHELLE PEREZ DOS SANTOS – Graduanda em Ciências Sociais pela Unicamp.

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A pesquisa consiste em responder quais são os papéis sociais que os homens trans e pessoas não-binárias menstruades possuem dentro do terreiro de candomblé de Ketu. A forma metodológica que será utilizada é a etnografia dentro de uma casa de candomblé, e entrevistas com filhos de santos e os babalorixás. Os resultados esperados são de entender quais são os papéis de gênero dos homens trans e pessoas não binárias no terreiro quando eles estão menstruades, e de investigar se a menstruação está atrelada ao gênero feminino, nos rituais religiosos no candomblé. Por fim, busca-se entender qual é a agência do sangue menstrual no terreiro, e por quê ele pode possibilitar que os homens trans ou pessoas trans não-binárias, façam ou deixem de participar da devoção. Financiamento: PIBIC-CNPq.

Meu corpo é um campo de batalhas: desafios e dualidades de mulheres sem filhos em busca da laqueadura

MIRANDA BENEZ CEFALI – Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas.

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A presente pesquisa se propõe traçar o perfil demográfico de mulheres sem filhos membras de um grupo no Facebook destinado a informar e orientar a busca pela laqueadura, visando compreender não apenas quem são essas mulheres em termos de raça/cor, classe social, religião, grau de escolaridade etc., se elas buscam o procedimento pelo sistema público ou privado, mas também por qual motivo optam por um método contraceptivo irreversível. Além disso, busca colher relatos de suas trajetórias até a laqueadura para compreender se foram encontrados obstáculos, sejam eles burocráticos, morais ou por questões de saúde. A pesquisa justifica-se pelo recente crescimento do debate público sobre a esterilização voluntária, que se faz presente especialmente nas redes sociais como o Facebook e o Instagram, além de trazer a perspectiva das mulheres que optam por esse procedimento, em contraste com aquelas que vêm sendo compulsoriamente esterilizadas desde a década de 1970 cujos perfis já são conhecidos e descritos na literatura das Ciências Sociais.

Gestão menstrual na escola. Estudo sobre os anos iniciais da menstruação em corpos menstruantes no ensino fundamental de Mossoró/RN

NAEDJA VIEIRA- Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas.

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A menstruação ganhou visibilidade recente no Brasil a partir levantamento elaborado pelo UNICEF/UNFPA-2021 sobre pobreza menstrual. A peculiaridade desse momento está no fato de um tabu ganhar notoriedade, sair do silenciamento social e ser ressignificado transformando-se em uma preocupação com os cuidados não só fisiológicos, mas também sociais e educacionais. Nas Ciências Sociais, em especial, na Antropologia, a menstruação é marcada especialmente pelas considerações a respeito dos tabus, estigmas e recentemente pelo entendimento da dicotomia entre sociedade e natureza elaborada nas sociedades urbanizadas (Manica, 2002). O tema da presente pesquisa está em observar como acontece a gestão menstrual de meninas e pessoas que menstruam em escolas do ensino fundamental de Mossoró/RN.

• Concluídas

Menstruação e Antropologia: Multiplicando possibilidades para alcançar dignidade

Pesquisa coletiva realizanda a partir do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio da UNICAMP, em parceria com o projeto “Olhos no Futuro”. Saiba mais sobre esse projeto clicando aqui.

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Esse projeto é desenvolvido em parceria com o Projeto “Olhos no Futuro: Futuro – a sustentabilidade como promotora do trabalho decente e da infância e juventude”, Programa de Extensão Comunitária vinculado ao Campus Sustentável, da Unicamp. Propomos a seguinte questão: como podem os saberes antropológicos produzidos em contexto acadêmico colaborar com avanços sociais sobre dignidade menstrual, em especial junto a jovens? O objetivo central é investigar se e como os saberes antropológicos sobre menstruação podem contribuir com avanços em favor de uma maior dignidade menstrual. Propomos a realização de uma pesquisa qualitativa com a proposição de oficinas junto às atividades escolares, com a temática de dignidade menstrual. Trata-se de uma pesquisa de cunho prático que tem como resultado um experimento em divulgação científica e cultural (filme, podcast, website, livro, etc), sendo a produção de tal material realizada em conjunto com os alunos da escola e as bolsistas selecionadas para o PIBIC-EM.

Presidentas Dilma Rousseff e Cristina Kirchner: enquadramento de gênero e política nas imagens e manchetes nas capas dos jornais Folha de S. Paulo e Clarín

ADRIANA SILVESTRINI – Mestra pelo Programa Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Financiamento: Capes.
Confira a dissertação completa aqui.

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A América Latina, desde 1974 até 2022, teve 13 Presidentas. Entre os 21 países que pertencem ao bloco, 11 já foram governados por mulheres eleitas ou interinas. Esta pesquisa se concentra nas Presidentas Dilma Rousseff no Brasil e Cristina Kirchner na Argentina. O objetivo principal da pesquisa é investigar e analisar o enquadramento de gênero e de política que os jornais Folha de S. Paulo e Clarín deram às manchetes e imagens nas capas relacionadas a estas governantes e seus mandatos. Dilma Rousseff ganhou as eleições em 2010 e 2014. Cristina Kirchner venceu nas urnas em 2007 e 2011. A pesquisa apresenta dois recortes específicos de investigação. O primeiro abarca as capas das coberturas jornalísticas dos dias das vitórias nas eleições presidenciais e das cerimônias de posse das Presidentas. O segundo recorte mostra as capas dos 10 primeiros dias e dos 10 últimos dias de ambos mandatos das duas Presidentas. O estudo também faz uma análise adicional das capas dos Presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, respectivamente, os antecessores delas. A proposta é apresentar um contraponto empírico com homens do mesmo espectro político, na mesma situação temporal e utilizando os mesmos jornais brasileiro e argentino. Os elementos, textual e visual, da capa são analisados por meio das metodologias de Análise de Discurso de linha francesa e o enquadramento de mídia com base no pensamento da filósofa Judith Butler. De acordo com o recorte temporal estabelecido, foram coletadas e observadas 154 capas dos jornais brasileiro e argentino. Os critérios para selecionar as capas analisadas foram: imagem da Presidenta, citações na manchete e/ou na legenda da fotografia. As palavras válidas na manchete e/ou na legenda foram: nome completo, primeiro nome, sobrenome de cada governante ou as palavras “Presidenta”, “Presidente” e “Presidência”. Com base nesses critérios chegou-se ao corpus definitivo de 60 capas, apresentadas e analisadas neste estudo.

Tecnopolíticas Corporais: Análise das narrativas sobre células mesenquimais e terapia celular.

BRUNNO SOUZA TOLEDO PEREIRA – Graduado em Ciências Sociais com ênfase em Antropologia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas.Financiamento: FAPESP.

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No ano de 2019 e 2020, através do meu projeto de iniciação científica no PIBIC-SAE “Divulgação científica e terapia celular: um enfoque sobre as narrativas sobre células mesenquimais e sangue menstrual”, pesquisei sobre a divulgação científica das pesquisas com terapia celular e sobre o uso do sangue menstrual em pesquisas científicas e em procedimentos biomédicos como a terapia celular. A partir desse trabalho, elaborei um banco de dados em que organizei, de forma detalhada, as pesquisas sobre divulgação científica com terapia celular disponíveis nas plataformas Banco de teses e dissertações – CAPES; Scielo; Revista Fapesp; Revista Faperj; Minas Faz Ciência. O banco de dados construído nessa investigação consiste no agrupamento de pesquisas acadêmicas, artigos e reportagens relacionadas à divulgação científica sobre terapia celular e sobre as células tronco do sangue menstrual. Nele estão separados os arquivos, em formato PDF, juntamente com uma planilha que funciona como catálogo das pesquisas selecionadas. Nesse catálogo, os artigos, reportagens e pesquisas científicas estão organizadas por seus títulos, pelo nome dos pesquisadores, pela data de publicação e pelas instituições a que estão vinculadas. A investigação proposta neste projeto pretende, a partir desse material já levantado e organizado, e a partir dos estudos e publicações originadas pela pesquisa acima citada, continuar contribuindo para os estudos antropológicos associados à Comunicação, Divulgação Científica e Tecnológica, analisando em parte esse material. Dessa forma, pretendo também contribuir para a pesquisa em andamento “Corpo, gênero e tecnociências: as ‘células-tronco’ do sangue menstrual”, coordenada por Daniela Manica.

Um novo capítulo para velhos problemas: o compartilhamento online de experiências e o uso da pílula anticoncepcional.

CAMILA PISSOLITO – Mestra no programa Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas.
Confira a dissertação completa aqui.

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A pesquisa propõe discutir como a percepção dos efeitos colaterais dos hormônios contraceptivos no corpo das mulheres, auxiliada pelas ferramentas de comunicação digital, tem impulsionado a discussão em torno da pílula. Partindo do engajamento de pessoas que relatam os efeitos colaterais causados pelo fármaco, encontradas através da página de Facebook “Vítimas de Anticoncepcionais. Unidas a Favor da Vida”, procuro situar suas motivações e propósitos, da perspectiva dos estudos sociais e feministas da ciência e da tecnologia. Pretendo analisar se e como as redes sociais digitais influenciam na decisão do método contraceptivo, colocando em questão o jogo hierárquico entre médico e paciente.

Imprensa feminista na internet: um estudo dos sites AzMina e Lado M.

CAROLINA BUSOLIN CARETTIN – Mestra pelo programa Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas.
Confira a dissertação completa aqui.

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As mudanças tecnológicas têm a capacidade de promover alterações em esferas da sociedade, ao mesmo tempo em que são moldadas por ela, inclusive nos movimentos sociais e imprensa. O feminismo, nos últimos anos, utilizou e ajudou a construir tais tecnologias para se organizar nas redes sociais e também no espaço físico. Apoiando-se nos conceitos de objetividade feminista de Haraway (2009) e feminist standpoint de Collins (1997), o objetivo da pesquisa é refletir sobre o perfil de quem produz conteúdo jornalístico feminista na internet e, a partir da interseccionalidade (CRENSHAW, 1991; AKOTIRENE, 2020), analisar os textos publicados nos sites Lado M e AzMina no segundo semestre de 2018. Utilizo a metodologia dos estudos de caso, com entrevistas individuais e coleta de dados a partir de questionário aplicado às autoras.

Vazando: o (que) fazer da menstruação. Uma procura pelo corpo na produção de conhecimento antropológico.

CLARISSA RECHE NUNES DA COSTA – Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. Financiamento: CNPq.

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O corpo tem um lugar privilegiado nas preocupações antropológicas desde a consolidação desta disciplina como ciência e do estabelecimento da etnografia, seu método de pesquisa por excelência. O tema deste projeto de pesquisa é a presença do corpo de quem pesquisa na produção do conhecimento científico antropológico a partir da análise etnográfica de trajetórias profissionais, focando em experiências menstruais ocorridas durante trabalhos de campo etnográfico em pesquisas etnológicas. Pretendo escavar os sussurros, murmúrios, meias palavras e silêncios que são tão comuns em nosso aprendizado sobre como deve ser a experiência da menstruação, e transformar as conversas de corredores, causos e histórias que mal passam entre os dentes em material de pesquisa. A potência deste movimento está em fazer pensar sobre práticas científicas de produção de conhecimento a partir um caráter interdisciplinar e de uma crítica feminista, afim de construirmos protótipos de objetividades e produtividades que nos interessem. Para tanto, realizarei uma etnografia junto à antropólogas que será composta pela leitura e análise das etnografias produzidas por aquelas, narrativas biográficas sobre as experiências (entrevistas), experimentações com diários de campo e diferentes expressões das trajetórias profissionais, buscando responder à questão: se e como a experiência de menstruar em um contexto de encontro etnográfico é expressa no modo como se produz conhecimento antropológico?

Vida, escrita e transbordamentos: biografias e etnografia do Rio Piracicaba.

FERNANDO MONTEIRO CAMARGO – Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. Financiamento: CNPq.

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A pesquisa tem como objetivo compor uma biografia do rio Piracicaba, que serve de “rio condutor” para estabelecer relações com instituições, políticas, substâncias, mundos e visões de mundo. O foco sobre a singularidade da biografia do rio Piracicaba permitiu, por exemplo, discutir modos de existência, problematizar concepções de “desenvolvimento” e “progresso”, “natureza” e “cultura” e refletir sobre o entrelaçamento de diferentes vidas que envolvem a dinâmica das águas do rio. A intenção biográfica, que reuniu materiais (inclusive imagéticos) de pesquisas etnográficas realizadas em meu percurso com o rio Piracicaba, proporcionou o desenvolvimento de uma biografia em forma de atlas constelar, transbordado em quatro constelações que proporcionam ao leitor estabelecer novas relações com o rio.

Nós mulheres pretas: Experiências com o telejornalismo no Brasil.

JACQUELINE DE CAMPOS MEDEIROS – Mestra no programa Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas.

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Os estudos que aqui compartilho tem principal interesse materializar através da escrita, experiências de nós mulheres negras dentro do telejornalismo brasileiro. E para a construção dessa narrativa, convido as jornalistas Joyce Ribeiro e Luciana Barreto, para compartilhar de suas vivências, e transcorrê-las junto à minha dissertação. Para além disso, buscamos nas teorias do feminismo negro uma melhor compreensão que abarca as subjetividades de nós mulheres negras, e estudos da comunicação. O percurso metodológico parte de uma pesquisa situada, onde escolho escrever sobre as jornalistas, entrecruzando minhas experiências em primeira pessoa. Neste sentido, o trabalho pretende abordar questões do racismo, representatividade das mulheres negras que ocupam espaços de poder na imprensa. Procurando entender as lacunas da atual estrutura jornalística dentre a dificuldade de acesso de outras jornalistas negras no telejornal brasileiro. Trago as autoras HOOKS (2019), CARNEIRO (2009), GONZALEZ (1965) para tratar de nós mulheres negras e representatividade, KILOMBA (2008) para analisar gênero, racismo e o silenciamento, MAIGRET (2010) para estudos das Mídias, REZENDE (2000) entre outros para tratar sobre o telejornalismo. Como resultados parciais, a pesquisa aponta que são muitas as barreiras raciais e sexistas que encontramos no percurso de nossas trajetórias. É possível notar também que o colonialismo, mesmo após o processo de emancipação, se reinventou, ocasionando estruturas violentas de dominação contra as mulheres negras. Todos os dias, uma jornalista negra é atingida por uma dessas violências dentro ou fora da redação. Apesar das constantes denúncias e reivindicações, continuamos sendo atravessadas pela dinâmica de dominação racial. Diante dessas perspectivas, mostro através dos casos estudados como existe muito trabalho a ser feito para que tenhamos um cenário mais inclusivo e diverso dentro dos telejornais brasileiros.

 

 

Dispositivos experimentais para a cura do HIV: agentes, agenciamentos e devires.

KRIS HERIK DE OLIVEIRA – Doutor no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. Financiamento: FAPESP.

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Há pouco mais de uma década, médicos alemães anunciaram o primeiro caso de cura da infecção por HIV como resultado de transplantes experimentais de células-tronco resistentes ao vírus. Desde então, através de intervenções terapêuticas semelhantes, foram relatados outros casos de cura ou remissão de longo prazo da carga viral, e também falhas. O presente projeto de pesquisa tem como propósito desenvolver uma cartografia dessas experimentações tecnobiocientíficas, a partir da perspectiva socioantropológica. Através do levantamento e análise de documentos científicos, jornalísticos, autobiográficos e institucionais, interessa mais especificamente: i) compreender o lugar e os usos dos transplantes de células-tronco nesse contexto; ii) mapear os agentes e agenciamentos que se emaranham e transbordam às terapias; iii) promover relações entre diferentes casos para pensar as materialidades, escalas e transformações ontológicas do corpo, assim como os processos de adoecimento e cura. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir criticamente e criativamente com a discussão sobre a cura do HIV e, de maneira mais ampla, ofereça subsídios teórico-metodológicos para investigações voltadas a outros dispositivos terapêuticos.

A fumaça das bruxas: novas alianças entre feminismo e ecologia.

MARINA BOHNENBERGER – Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
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Minha dissertação resulta de uma pesquisa bibliográfica especulativa sobre os cruzamentos entre feminismo e ecologia. Em uma travessia que começa nas ecofeministas e termina em novas expressões feministas de viés ecológico em meio à crise planetária, procurei acompanhar trajetórias teóricas que, ao longo do tempo, mudaram essa relação, tanto nos feminismos quanto no que podemos chamar de pensamento ambiental. Partindo da recepção controversa das teses das primeiras ecofeministas, que se apoiavam em uma relação entre mulher e natureza, descrevo as críticas feitas a elas pelas teorias de gênero e pelos feminismos desde a década de 1980, com ênfase nas contribuições antropológicas e na emergência dos pontos de vista do que ficou conhecido como feminismo da diferença, sublinhando o problema das essencializações e enfatizando a multiplicidade epistemológica e prática feminista. Em seguida, demonstro a crise do conceito de “natureza” para dar conta das questões socioambientais contemporâneas evidenciada pelas humanidades ambientais e por uma certa biologia, de modo a trazer novas visões que contribuem para uma elaboração conjunta das ameaças a humanos e não humanos. Expressões contemporâneas de feminismos em aliança com questões ambientais também surgem dessas novas configurações dos campos socioambientais acadêmicos e ativistas. A queima das bruxas emerge como uma figuração para os processos de exploração capitalista sobre as diferenças e para a retomada feminista e ambiental de práticas que permitam uma nova habitabilidade, além da própria controvérsia que marcou a presença ecofeminista. O fio que conduz a pesquisa é o clássico problema da inoperância dos divisores modernos baseados na matriz natureza/cultura, tanto no que se refere à urgência da crise socioambiental quanto para os feminismos que têm tido protagonismo nessa esfera.

Inteligência Artificial no DSPCom: Uma etnografia do processo de desenvolvimento e potencialidades dos métodos.

MATEUS VICENTE – Graduado em Ciências Sociais com ênfase em Antropologia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas.Financiamento: FAPESP.

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Essa pesquisa de iniciação científica é continuidade da pesquisa etnográfica: A lógica tecnocientífica e a produção de inteligência artificial na Unicamp: Agentes e processos. O objetivo é acompanhar o processo de construção, desenvolvimento e produção da inteligência artificial a partir de dois projetos de pesquisa de mestrado e doutorado selecionados por mim, do Laboratório de Processamento Digital de Sinais para Comunicações (DSPCom), da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp.
A etnografia tem como intuito adentrar no universo codificado e técnico da inteligência artificial desses projetos, a fim de acompanhar como seus métodos são mobilizados e o que informam – as influências na definição de problemas, o esboço, a criação de soluções e suas potencialidades metodológicas exploradas. Além disso, busco observar com mais afinco relações de analogia e potencialidades entre o cérebro e a máquina, as relações entre produções tidas como “puramente acadêmicas” e as voltadas especificamente para o “mercado”, como definidas em campo na primeira fase do trabalho.